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A vitamina D e a saúde cardiovascular: modismo ou ciência?

A vitamina D e a saúde cardiovascular: modismo ou ciência?
Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel - Cardiologista e Cirurgião Cardiovascular

Em meio a pandemia do coronavírus, ela se tornou protagonista de muitas discussões e debates. Ela foi endeusada e odiada. Por alguns momentos, ela foi apontada como a solução para algo invisível que estava e ainda está assolando a humanidade. Estou me referindo a vitamina D nesta breve apresentação.

As questões a que se pretende responder são muito claras: a vitamina D realmente é importante para saúde cardiovascular? Será que a vitamina D seria mais um tema de modismo ou haveria argumentos para defender sua aplicabilidade clínica?

Para que as respostas destas questões sejam respaldadas em fundamentos científicos, vamos descrever o “currículo” da vitamina D, destacando seus principais atributos e funções:

-  desenvolvimento dos nossos ossos;

- participação no metabolismo do cálcio;

- ativação do sistema imunológico;

- ação anticancerígena;

- atividade hormonal regulando diversas funções orgânicas.

Antes de estabelecer uma espécie de “sentença” quanto ao benefício ou não da vitamina D para a saúde cardiovascular, cabe mais um comentário de relevante contextualização. Quando se defende a vitamina D no cenário das doenças cardiovasculares, temos de enfatizar dois aspectos diferenciais: a vitamina D ser conceitualmente útil no combate das doenças cardiovasculares seria um ponto; outra análise seria debater se teríamos de efetivamente suplementar a vitamina D para assim obter os benefícios cardiovasculares. Para melhorar a compreensão destes dois aspectos, quero colocar em discussão a seguinte polêmica: a vitamina D é benéfica para o coração e nossa alimentação diária supre esta demanda ou, por outro lado, considerando a ingestão irregular da vitamina D deveríamos suplementar regularmente?

Chega de tantas perguntas, vamos às respostas pois sei que a ansiedade até aumenta com tantas análises preliminares.

A vitamina D é, de forma direta ou indireta, fundamental para as funções cardiovasculares. A propriedade que a vitamina D tem de desempenhar as funções semelhantes a um hormônio, faz dela um importante aliado na regulação e controle de muitas reações orgânicas. Isto não significa que, sempre e de forma absoluta, a vitamina D necessite ser suplementada.

Alguns critérios podem ser utilizados para orientar melhor este processo de suplementação da vitamina D. Estes critérios, apresentados abaixo, são oriundos das análises feitas em estudos (muitos ainda em andamento ou ainda necessitando de maior robustez) e também da experiência profissional dos especialistas:

- dosar a vitamina D no sangue e identificar valores baixos;

- avaliar o padrão alimentar de uma pessoa ou comunidade e identificar que faltam alimentos ricos em vitamina D (carnes, ovos e cogumelos);

- identificar sinais de imunidade comprometida, seja pelo desenvolvimento frequente de infecções ou câncer;

- identificar questões relacionados ao metabolismo do cálcio, ou seja, sinais de fraqueza óssea;

- questões climáticas muito desfavoráveis, prejudicando a exposição adequada ao sol, uma vez que ativação da vitamina D depende do banho de sol;

- pessoas obesas, hipertensas e diabéticas: alguns estudos, ainda que necessitem aprimorar a sua precisão, apontam para uma correlação negativa destes fatores de risco com os níveis sanguíneos da vitamina D, ou seja, quanto maior a intensidade destes fatores de risco, menores seriam os níveis da vitamina D no sangue.

Estes critérios acima, embora possam orientar e embasar a suplementação da vitamina D, em nenhum momento incorporam um caráter absoluto. O mais prudente sempre seria evitar tendências de modismo, aproximando as decisões das mais razoáveis constatações científicas.

Retomando a discussão sobre a vitamina D e seu papel protetor contra as doenças cardiovasculares, vale destacar que, mais importante que a dosagem de vitamina D na suplementação, seria saber individualizar o caso, definindo, de forma ampla, as orientações acerca das fontes alimentares de vitamina D e da relevância de uma regrada exposição solar.

Acerca da saúde cardiovascular e os benefícios da vitamina D, vou finalizar com três perguntas e respostas que frequentemente causam dúvidas nas pessoas:

1) A vitamina D pode ser suplementada para qualquer faixa etária?

Sim, pode-se suplementar para todas as idades, sempre individualizando a dosagem e a duração do tratamento, recorrendo continuamente aos critérios acima descritos para continuar ou interromper a suplementação.

2) Quantas vezes por ano devo dosar a vitamina D no sangue?

Em geral, duas vezes por ano - uma vez por semestre- pode ser interessante para prevenir eventual deficiência desta vitamina. Lembrando, também, que há pessoas com maior propensão a níveis baixos de vitamina D e, nestas pessoas, a dosagem no sangue deveria ser feita mais vezes.

3) Se eu tomar suplemento de vitamina D, mesmo assim devo priorizar o banho de sol?

Sim, pois o sol tem a função nobre de promover ativação da vitamina D, facultando absorção da mesma em nosso organismo. A vitamina D atua como um hormônio e precisa ser ativada com auxílio dos raios solares.

A vitamina D, tendo em vista suas propriedades e atributos, é uma maravilha da natureza e deve ser empregada como aliada no fortalecimento de nosso sistema imunológico e na prevenção e combate às doenças em geral, como as doenças cardiovasculares. A vitamina D não é o tratamento em si para doenças cardiovasculares e por isto não deve ser motivo de modismo. A melhor dosagem da vitamina D para suplementação depende da adoção de critérios claros e da individualização de cada caso. Nem sempre será necessário suplementar a vitamina D, mas deixar de lado seu papel como um verdadeiro hormônio e sua capacidade de auxiliar na regulação das reações orgânicas, seria como estar diante de uma ameaça e não usar todos os recursos disponíveis. Muito importante interagir com seu médico e identificar qual a sua situação e se o seu caso abarca critérios objetivos para adequada suplementação da vitamina D, principalmente pensando na proteção cardiovascular.


www.coracaomoderno.com.br

Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel 

Cardiologista e Cirurgião Cardiovascular

Professor Livre–Docente

CRM 105226

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